Da realidade à escrita nos projetos sociais e culturais

É muito comum durante a escrita de um projeto social ou cultural, representando o pensamento de uma ONG, associação ou coletivo que o PROJETO resulte em um PROJETO excessivo.

O que quero dizer com PROJETO excessivo é que muitas vezes durante o processo de escrita as pessoas tentam dar conta de “abraçar” toda a estrutura que a organização necessita em um PROJETO. Sabemos do “gargalo” que existe e da dificuldade na sustentabilidade das organizações, mas como o próprio nome diz quando escrevemos um PROJETO é um PROJETO, ou seja, algo com começo, meio e fim, e, mesmo que seja aditável ou executável por muitos anos, ele tem ciclos, tem uma meta, um por que de existir e um resultado a entregar, não que a organização não tenha, mas há uma grande diferença entre estrutura organizacional e estrutura de um PROJETO.

Complementando há que lembrar que uma empresa, instituto ou órgão público que está com uma convocatoria ou tem uma determinada lei de renúncia fiscal não aportará em um PROJETO que prevê a manutenção de uma estrutura, seja ela com salários, materiais, aluguéis ou qualquer outra rubrica que esteja vinculada ao funcionamento da organização e não do PROJETO.

Ainda traremos mais debates sobre esta “lacuna” que existe nas organizações, mas neste momento falando sobre PROJETO queria bastar por aqui o debate sobre os excessos na escrita de PROJETOS.

Entendendo quem lerá seu PROJETO

Bom, dito isso, o PROJETO ideal normalmente é maior que o ideal para a outra instituição seja ela pública ou privada e que poderá vir a aportar recursos ao PROJETO. Há que haver o entendimento na hora da escrita do PROJETO que quem fará o aporte financeiro também tem objetivos e metas, dificilmente vamos encontrar um fundo, se é que existe, no qual o aporte é feito simplesmente porque são bons PROJETOS.

Com essas duas perspectivas juntas, pense seu PROJETO ideal, corte tudo que pode ser superfluo, pense em primeiro lugar nas contrapartidas para seu público-alvo, mas leve em conta também as contrapartidas para quem apoia o PROJETO financeiramente, órgãos públicos também as tem, e, apesar de serem menos exigentes e com objetivos e metas mais amplos, os tem e normalmente estão bem descritos nos editais e convocatórias.

Com seu PROJETO esboçado sem escrever ainda, veja se sua ação condiz com os objetivos do edital que você o inscreverá e se cumpre os requisitos legais. Muitas vezes, algumas pessoas saem “atirando” o PROJETO para todos os lados, quando na verdade a convocatória, empresa ou fundo nem sequer quer aquele tipo de PROJETO. E, isso, não significa que seu projeto é ruim, seu PROJETO simplesmente não é para aquele financiador.

Caso você identifique que o seu PROJETO está alinhado e vale a pena enviar, lembre-se das duas primeiras sugestões, lembre-se que alguém vai ler este PROJETO para avaliar, pense sobre o formato da escrita, a deixe clara e formal, mas não rebuscada. No meu próximo texto, falaremos sobre desenho e diferenças de objetivos, metas e resultados.